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69 milhões de crianças não vão à escola
04 | 05 | 2011 20.00H
Isabel Stilwell | editorial@destak.pt
Luísa nasceu em 1945, numa aldeia do norte de Portugal, em Mata dos Lobos para os mais curiosos, e foi para a escola aos 7 anos. Mas na 3ª classe o pai não a deixou continuar a estudar, porque precisava dela em casa para tomar conta dos irmãos mais novos. A Luísa fugia e ia ler livros para o palheiro, até o sol se por. Estudava na clandestinidade. Quem conta a história é a sua filha Ana, que vai dar voz às mulheres que não têm voz, na semana da Acção Global pela Educação, que decorre por todo o país até domingo, e que este ano tem como tema a educação para raparigas (e mulheres!).
E a Ana conta a história porque tem a certeza de que se até para mim, apenas 15 anos mais nova do que a mãe dela, já me parece uma história distante, mais provável é que a grande maioria das crianças e os adolescentes que a vão escutar tenham dificuldade em imaginar o que é ser proibido de ir à escola. Aqui para nós, por momentos, até vão invejar os 69 milhões de crianças (bem mais de metade, raparigas) que continuam impedidas de aprender a ler e a escrever. Mas ai, a Ana vai explicar-lhes que, como afirmou há dias, a directora Geral da Unesco, só através da educação conquistamos a liberdade necessária para fazer escolhas, tomar decisões e construir uma sociedade mais justa.
Os milhões de crianças a quem todos prometemos (sim, Portugal também, ao assinar os Objectivos do Milénio), que até 2015 teriam a oportunidade de completar o ensino primário, promessa que precisa de 18 milhões de professores e de muito financiamento para ser cumprida. É claro que estamos em crise, virados mais para dentro do que para fora, legitimamente assustados com o que irá acontecer, mas o investimento na educação, na dos nossos filhos e na de todas as crianças, é a única aposta inteligente. Sem gerações capazes de transformar os seus países, pessoas autónomas e com qualificações, não vai haver luz ao fundo do túnel. E é por isso que, mais uma vez, com uma persistência e uma convicção admirável os responsáveis pela Campanha Global pela Educação se recusam a cruzar os braços. Descubra como pode não cruzar os seus em www.educacaoparatodos.org
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