A propósito da Campanha "E se fosse eu ...?!" #esefosseeu
É verdade que é preciso pormo-nos na pele dos outros, calçar os seus sapatos ... mas há situações que são de uma tal violência, de uma tal desumanidade, que se tornam completamente insuportáveis.
Será que, enquanto adultos conseguimos imaginar uma situação que de tão insuportável que é, nos leva a tomar a decisão de correr o risco de, com os nossos filhos, crianças com menos de 10 anos, partir numa travessia em que estaremos todos (pais e filhos) sempre entre a vida e a morte? Uma travessia de que não temos qualquer garantia de ser bem sucedida?
Eu não consigo!! Diz o povo, que é sábio, há coisas que não conseguimos imaginar como reagiríamos, a não ser que passemos por elas: só na situação saberíamos exatamente qual a decisão que tomaríamos ou a reação que teríamos.
Quando ouvi pela primeira vez falar da campanha "E se fosse eu?!" pensei:
"Mas estamos a preparar-nos para uma situação de guerra? Estamos a preparar as nossas crianças e jovens para uma situação de guerra?! Como é que isto é possível?!?"
Em minha opinião, a solidariedade e a compaixão não se preparam, não se educam, assim.
A propósito desta situação que vivemos, da II Guerra Mundial e do Holocausto, escrevi com os meus alunos a seguinte carta: AQUI Estamos agora a enviá-la para vários Presidentes, a nível nacional e mundial (Convidamos, desde já, todos os interessados, a juntarem-se a nós.)
As situações de guerra, são situações de guerra!! De uma crueldade e desumanidade completamente inimagináveis. É aqui que não podemos deixar que se chegue!!
É na memória do que já foi a história e do que não queremos que volte a ser, que nos devemos situar.
Não tenho nada contra o colocarmo-nos no lugar do outro, do tentar perceber o que «o» levou a chegar até nós, mas tenho a consciência de que por mais que tente, que tenho jantar à mesa, um teto para onde volto todos os dias, trabalho, salário, família, amigos, filhas a são e salvo ... tudo o mais serão puras especulações.
A mochila da Joana de Vasconcelos poderia ser a minha, sei lá ... Imagino a minha com uma escova de dentes, uma muda de roupa, um telemóvel, um sumo, pão e chocolate - a minha mãe ensinou-me a nunca partir de viagem sem levar uma tablet de chocolate (sabe-se lá o que pode acontecer!)
Gosto mais de trabalhar com os meus alunos pelos seus sonhos, por aquilo que gostaríamos que fosse a Europa, pelas guerras que existem e que é preciso transformar em Paz. A realidade já é tão violenta e pesada que é no dia a dia que, reconhecendo-a, a precisamos de ir transformando - começando por cada um de nós, por aquilo que está ao nosso alcance, com o nosso sentido crítico, a nossa boa-vontade, por aquilo que cada um, com os que estão à sua volta, é capaz de fazer.
Esta é só uma "gota de água".
Margarida Belchior
(11/04/2016)
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