Num final de um longo dia, com aulas até às 17h30, que andamos a treinar não sejam tão atribulados, assisto a um conflito por causa do empréstimo de uma revista entre duas meninas.
De imediato proponho um "teatro" em que troquem os papéis, a Maria (a dona da revista) vai fazer de Rita (a menina que queria ver a revista da Maria) e a Rita vai fazer de Maria. Cada uma coloca-se de um lado do quadro. Rita (a agora "dona da revista", a fazer de Maria) tem consigo a revista que quer ver e Maria (a fazer de Rita, a colega que quer ver a revista) pede-lhe a revista emprestada. Esta "Maria" de imediato vai entregar a revista a "Rita". Coloco-me ao fundo da sala para dirigir a cena.
Pergunto quem quer fazer o papel de Maria de forma mais parecida com o que ela tinha realmente feito. Logo um voluntário põe o dedo no ar. Quando assume o papel começa por abraçar a revista, mostrando a posse, mas assim que "Rita" lha pede, ele hesita um pouco, mas vai entregar-lha. Pergunto a "Rita" o que sente, responde que queria muito ver a revista e que conseguiu o que queria.
Pergunto se mais alguém ainda quer fazer de outra "Maria", logo uma outra menina se oferece. Esta abraça a revista e vira as costas a "Rita", mesmo quando esta lhe pede a revista emprestada. "Maria" não sai do seu espaço. Quando pergunto a "Rita" o que sente agora, ela, com um tom meio entristecido responde: «Como era bom se a "Maria" me emprestasse a revista ...».
Ao meu lado, Ema sussurra só para mim: «Se emprestamos alguma coisa, começam a saltar as flores como numa chuva.»
Fico maravilhada e peço-lhe que escreva sobre o que tinha estado a ver. Toca e todos querem sair.
P.S. - Este relato é verdadeiro, mas os nomes são fictícios.
Nota: Aqui fica o link para o relato desta situação feito por uma aluna - http://aviagemcomaluz.blogspot.pt/2015/02/a-matilde-aprende-emprestar.html
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